O ano de 2023 será desafiador para a suinocultura brasileira, por causa do quadro da disponibilidade de suínos, que seguirá em expansão. Segundo o analista de Safras & Mercado, Allan Maia, o primeiro semestre será mais desafiador, por vários fatores, tais como: Historicamente o consumo da carne suína cai nos primeiros meses do ano devido ao menor poder aquisitivo das famílias, por conta do pagamento de impostos e da compra de materiais escolares. 

Além disso, temperaturas elevadas do verão impactam o consumo. O preço do milho deve se manter em patamares elevados no período, considerando um quadro de logística difícil devido a prioridade do escoamento da soja. Os fretes devem subir. Outro ponto é que o estoque final será curto por conta da forte exportação do atual ano comercial. A soja deve apresentar um quadro baixista por conta da estimativa de produção recorde, na casa dos 154 milhões de toneladas. O clima é uma variável a ser acompanhada para confirmação da safra. 

A partir do segundo semestre de 2023, o preço do milho tende a ser pressionado, com a entrada da safrinha no mercado. Os preços firmes do cereal devem levar os produtores a expandir a área de plantio e, consequentemente, haverá maior disponibilidade do produto caso não ocorra quebras. A carne suína é a terceira opção dos brasileiros. 

O preço dos cortes de frango pode encontrar dificuldade para altas nos primeiros meses de 2023, considerando que o número do alojamento de dezembro e janeiro virão fortes, o que sinaliza para grande produção e disponibilidade, mesmo com a expectativa de forte exportação. Já os cortes bovinos devem fechar dezembro em queda no atacado e podem encontrar dificuldade para fortes altas no ano que vem, considerando que é esperado avanço de abates. 

O abate de matrizes deve continuar ocorrendo, o que pesa sobre os preços ao longo da cadeia. Outro ponto a ser acompanhado é a atuação chinesa nas importações de carne bovina. A China está pagando menos neste momento, o que significa pressão nas margens dos exportadores. Assim, diante do cenário das concorrentes, os cortes suínos precisam ser acessíveis para ganhar a preferência entre os consumidores. De acordo com o Safras & Mercado, a produção brasileira de carne suína deve alcançar 5,218 milhões de toneladas em 2023, avanço de 3% em relação às 5,067 milhões de toneladas previstas para este ano. 

O Brasil deve exportar 1,072 milhão de toneladas em 2023, de acordo com Safras, queda de 1% se comparado às 1,083 milhão estimadas para esse ano. No segundo semestre de 2022 a China ampliou as compras de carne suína brasileira, o que é positivo. Caso contrário, a situação do Brasil seria ainda mais difícil. Mas, para os próximos meses, o ritmo de embarques para este destino tende a cair e com possível retração do preço da tonelada, no pior momento possível. Os preços na China estão em queda forte neste momento, quadro que é refletido nos futuros listados na bolsa de Dalian, onde a cotação do contrato spot atingiu patamares registrados há 10 meses. O mercado precifica aumento de oferta local e demanda enfraquecida. Deste modo, a tendência é que os chineses desacelerem o ritmo de importações até que a sua oferta enxugue, o que deve levar alguns meses. Isso não significa que a China ficará ausente das compras. 

Avanço de produção e possível queda de exportações nos próximos meses significa maior disponibilidade de carne e dificuldade em relação a preços e margens. A dinâmica dos negócios envolvendo o vivo devem se mostrar acirradas no primeiro semestre de 2023. Dados os números de produção e exportação, Maia sinaliza ainda que a disponibilidade doméstica brasileira deve crescer 4% em 2023, alcançando 4,145 milhões de toneladas de carne suína, contra às 3,984 milhões previstas para este ano.

AGÊNCIA SAFRAS

 

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