A China reduziu suas tarifas sobre a carne de porco congelada em 2020 de 12% para 8%, enquanto o país enfrentava o aumento dos preços domésticos da carne na sequência de um surto de doença devastador. Agora elas voltam a 12%

“Ajustar as taxas em tempo hábil pode ajudar a garantir o abastecimento e a estabilizar os preços no mercado doméstico, usando razoavelmente o mercado internacional”, disse Zhu Zengyong, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas. As taxas mais altas reduzirão ainda mais as importações dos principais exportadores, como Estados Unidos e Espanha, que já caíram acentuadamente nos últimos meses.

A China também é o maior importador da carne suína do Brasil, que enviou para o país asiático cerca de metade das suas exportações totais de janeiro a novembro. “Qualquer aumento de impostos torna-o mais desafiador para os exportadores”, disse Joel Haggard, Vice-Presidente Sênior para Ásia-Pacífico da Federação de Exportação de Carne dos EUA. As chegadas de carne suína em outubro caíram 40% com relação ao ano anterior, para 200.000 toneladas, embora as importações no ano até agora tenham caído apenas 8% em relação ao ano anterior, para 3,34 milhões de toneladas, de acordo com dados alfandegários.

(Fonte: REUTERS)

Aumento de tarifa chinesa sobre a carne suína não preocupa, diz presidente da ABPA

Ricardo Santin traça cenário positivo para a demanda interna e externa, mas alerta para a alta de custos. A China movimentou o mercado de proteínas animais no Brasil na manhã da quarta-feira. Em dois movimentos, levantou o embargo à carne bovina brasileira, depois de pouco mais de três meses de suspensão, e elevou de 8% para 12% (como era até 2020), a tarifa sobre a importação de carne suína.

Na avaliação de Ricardo Santin, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a indústria de aves e suínos, o balanço das medidas foi positivo ao Brasil. “O movimento [no geral] foi positivo. Quando temos essa retomada [da exportação de carne bovina] de maneira pacífica, traz estabilidade ao mercado. Já a retomada da tarifa sobre a carne suína pode diminuir o perfil de troca entre Brasil e China, mas não é uma tarifa proibitiva – e nossos concorrentes, como União Europeia e EUA, também têm a mesma taxa.

No caso dos americanos, é até maior”, lembrou Santin. O dirigente reforçou também que o segmento tem buscado outros mercados para se tornar menos dependente dos chineses – no caso da carne suína, 52% dos embarques vão para o país asiático, e no caso da carne de frango a fatia é de 17% das vendas. “Temos alternativas.

A Rússia está voltando [às compras], com a cota de 100 mil toneladas de carne suína. Temos ainda a peste suína [africana], influenza aviária. Então, ainda enxergo um perfil positivo para as exportações em 2022”, prosseguiu. A previsão da ABPA é que os embarques das duas carnes cresçam 10% neste ano, dado que será confirmado na quinta-feira pela associação. De janeiro a novembro, as exportações brasileiras de carne suína já bateram recorde em faturamento e volume. No período, foram embarcadas 1,05 milhão de toneladas, alta de 11,3% sobre o mesmo intervalo de 2020 – que era a maior marca até então.

As vendas geraram US$ 2,45 bilhões em receita, com crescimento de 17,8% ante os 11 primeiros meses do ano passado. Como mencionado, a China foi o principal destino das exportações neste ano até o momento, com 503,8 mil toneladas e alta de 7,5% sobre 2020, e muito à frente de Chile (57,6 mil toneladas), Vietnã (40,2 mil toneladas), Uruguai (38,7 mil toneladas) e Argentina (32,4 mil toneladas).

Santin lembrou que, apesar da importância das exportações, o mercado interno ainda é prioridade – e o principal – para o setor. “O maior mercado do Brasil é o próprio Brasil”, reforçou. A previsão é que a produção das carnes suína e de frango cresça até 5% em 2021. Nesse contexto, e diante das incertezas que rondam a economia brasileira, o presidente da ABPA enxerga um cenário de consumo mais positivo para as carnes suínas e de frango, especialmente diante de sua competitividade frente à bovina.

Mas ressaltou que os custos de produção ainda serão uma pedra no sapato da atividade e já projeta que não haverá uma diminuição de preços ao consumidor final nos próximos meses. “Não dá para falar de maneira geral como será o repasse de preços porque cada indústria tem um tamanho e uma estratégia, mas os custos subiram demais. Algumas conseguiram se adequar, mas muitas indústrias vão começar 2022 precisando repassar, não tem retrocesso”, afirmou. Como alento, Ricardo Santin também disse que a pior da fase de alta dos custos de produção já passou, e que estabilidade e previsibilidade dos gastos deverão ser uma tendência a partir do ano que vem. (VALOR ECONÔMICO)

 

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