As novas peças do quebra-cabeça na investigação sobre a origem da Covid-19 enfraquecem a teoria de que o vírus vazou de um laboratório e fortalecem aquela de que ele surgiu em morcegos, pegando carona em outro mamífero até os humanos.

O estopim para o evento, afirma um novo artigo científico, foi falta de carne suína na China em 2019, que aumentou o comércio de animais silvestres como alimento.

Essa hipótese, delineada por um grupo de cientistas chineses e britânicos, está descrita em um artigo publicado nesta semana pela revista Science. Liderado pelo virologista Spyros Lytras, da Universidade de Glasgow, o grupo afirma que a quantidade de eventos de contato humano com novos patógenos foi muito maior em mercados chineses do que em laboratórios de patógenos no país.

“A emergência do Sars-CoV-2 tem propriedades consistentes com uma passagem natural de patógeno de animais para humanos”, escreveram os pesquisadores.

Segundo o artigo, também assinado por cientistas das universidade chinesas de Suzhou e Guangzhou, o evento que desencadeou uma situação maior de risco de exposição a novos patógenos foi uma outra epidemia, a da febre suína africana, que varreu as fazendas na China entre 2018 e 2019 e culminou com o sacrifício de um rebanho de cerca de 150 milhões de porcos.

Com a falta do produto, dois mamíferos canídeos que já vinham sendo consumidos como alimento ocasionalmente em áreas rurais do país, passaram a ser mais procurados: o cão-guaxinim e o texugo. Além destes, outro, que já tinha implicado na epidemia da Sars havia uma década, a civeta, também passou a ser mais presente no mercado. Investigações mostraram que animais domesticados criados para o mercado de peles, como visons e raposas, também viraram comida no período.

Fonte: O Globo

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