Medidas drásticas visam reduzir custos de produção, que afetam faturamento do setor e deixam o produto mais caro para o consumidor. Em meio a uma crise provocada pela forte alta nos custos de produção num cenário de dificuldade para repasse de preços ao consumidor final, a indústria de aves e suínos tem adotado medidas drásticas para manter suas margens, como reduzir a compra e o peso de abate dos animais. “Isso é bastante contingencial, não é o melhor jeito de você conseguir contornar o problema, mas é uma tentativa de reduzir a perda com o custo que a ração representa hoje dentro do sistema de produção”, explica José Antônio Ribas Júnior, Presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (sindicarne-SC).

Em vez dos cerca de 3,3 quilos habituais, as aves tem sido abatidas com até 2,9 quilos, com reduções de 10% a 15% a depender da indústria. “Isso já vem acontecendo há uns 40 dias nessa lógica de reduzir o custo de produção e é a última cartada antes de uma empresa começar a efetivamente reduzir a produção”, explica Ribas Júnior ao lembrar que a medida também tem efeitos sobre o faturamento. “Não é uma solução que resolva o problema porque, se de um lado você retira custos, de outro você tem menos receita.

Então, é uma decisão muito dura para o empreendedor e, quando ele chega neste ponto, é a decisão imediatamente anterior a começar a reduzir, de fato, a produção”, ressalta. Considerada extrema, redução do peso de abate tem impacto no faturamento da indústria de proteína animal.

 O pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, Everton Luís Krabbe, afirma que a redução no peso de abate dos animais não chega a causar alterações significativas na conformação da carne disponibilizada ao consumidor final. “São reduções sutis na conformação do organismo dos animais, tanto de aves quanto de suínos, que dependendo da Indústria de carne do Brasil revive aflição de 2016 com quebra na safra de milho, situação que o consumidor nem percebe”, destaca Krabbe. Segundo ele, em média, a redução pode gerar uma economia de até um quilo de ração por animal abatido.

Na cadeia de suínos, o cenário é o mesmo após as vendas terem decepcionado o setor no final do ano passado e no início de maio – dois principais momentos de escoamento da produção devido ao período de festas e de Dia das Mães. “Neste ano, realmente, as vendas não foram tão boas e, devido a maior oferta de animais no mercado, os produtores estão soltando o suíno mais leve, sim – o que deve continuar ocorrendo nos próximos meses”, conta o analista do Cepea, Thiago Bernardino.

GLOBO RURAL

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