Os preços do suíno e da carne seguiram relativamente equilibrados nos últimos trinta dias, sustentando as margens no campo positivo, apesar de o resultado por cabeça terminada estar gradualmente diminuindo diante dos custos voltando a se elevar. Do lado da demanda externa, os embarques de outubro vieram um pouco mais baixos, mas longe de anularem o bom resultado do ano, que pode inclusive bater um novo recorde.
O custo de produção da suinocultura avançou 2,1% em outubro (R$ 5,86/kg vivo) ao passo em que o animal desvalorizou 0,4% na média ponderada da Região Sul e Minas Gerais. Com isso, o spread da atividade veio de 11% em set/23 para 8% no último mês, ou R$ 55/cabeça. Já na parcial de novembro, o indicador aponta para 6%, pressionado pelos custos, voltando a subir.
Do lado da oferta, segundo os números preliminares do IBGE, os abates de suínos no 3T23 (14,6 milhões de cabeças) foram 0,5% maiores sobre o igual trimestre do ano anterior, porém a produção de carne subiu 2,4% dado o maior peso médio das carcaças. Vale lembrar que após terem começado o ano crescendo 3,3% (1º tri), o segundo trimestre mostrou redução de 1%, voltando agora a se expandir.
Com relação às exportações, foram 82,6 mil t in natura embarcadas em outubro, 8,4% abaixo de out/22. Ainda assim, o crescimento acumulado no ano foi de 7,8% sobre 2022. Por outro lado, o preço médio de embarque continuou em queda, pelo quinto mês consecutivo, desvalorizando 1,4% em out/23 sobre set/23, o que é 7,5% inferior a set/22. Cabe dizer que, tanto nos EUA quanto na China os preços também continuaram caindo em outubro e primeira quinzena de novembro.
Curto prazo deve seguir favorável mas cenário de custos preocupa
O cenário para a suinocultura segue favorável para o final do ano, com o período favorecendo o bom fluxo de vendas internas, mas com os preços podendo enfraquecer sazonalmente a partir da virada de ano. Entretanto, do lado dos custos, o cenário vem ficando mais preocupante. De acordo com o USDA, os dois principais produtores globais de carne suína, China e União Europeia, terão redução da produção em 2024, de 1% e 1,6%, respectivamente, que somados significam 900 mil toneladas a menos, ambos com indicação de fraca demanda esperada e redução do rebanho. Porém, Brasil, EUA e Vietnã deverão expandir, de modo que a produção global deve permanecer estável no próximo ano.
As exportações para 2024 também tendem a seguir favoráveis, com o Brasil bem posicionado para capturar oportunidades diante das menores produções da China e da EU. Entre os exportadores, os destaques são os EUA e o Brasil, com crescimentos de 85 e 80 mil t sobre 2023, respectivamente. O órgão americano destacou que o Brasil seguirá ampliando seu market share sobre a Europa e os EUA, sobretudo no Japão e no México. Há apenas 3 anos, a Europa significava 41% do trade global, percentual que deverá cair para 31% em 2024. Já os EUA respondiam por 26% em 2020 e devem caminhar para 30% em 2024 enquanto o Brasil veio de 9% em 2020 para 15% previstos para 2024.
Seguimos otimistas quanto à demanda para o próximo ano, tanto interna quanto externa. O cuidado a ser tomado é a gestão dos riscos de preço dos grãos, sobretudo porque, possivelmente, a produção de carne suína tende a seguir crescente.