A ileíte é uma doença endêmica em suínos no Brasil e o no mundo – Foto: Adobe Stock
É comum que granjas de suínos incluam medicamentos na alimentação dos animais, especialmente antibióticos, para tratar de forma preventiva a Enteropatia Proliferativa Suína (EPS) — também conhecida como ileíte suína. No entanto, uma pesquisa demonstrou que o uso de vacinas contra a EPS aliadas a medidas de manejo entregam os mesmos níveis de controle da doença com um custo 69% menor.

O estudo, conduzido pela MSD Saúde Animal, foi feito com 900 animais de uma granja e comparou o uso de vacinas e de medicamentos. Ao Agro Estadão, o médico-veterinário e gerente comercial de Suinocultura da empresa, Marco Aurélio Gallina, explicou como foram feitos os testes.

“Essa avaliação que fizemos foi uma avaliação de campo, ou seja, como a vida é. Pegamos os animais e dividimos em três grupos com três tratamentos. Nós utilizamos o padrão de tratamento que a própria granja já utiliza. O grupo um só recebeu ração medicada. O grupo dois recebeu a ração medicada com a vacinação. No grupo três, foram retirados da ração os medicamentos que atuam contra ileíte e foi feita a vacinação contra a doença”, esclareceu.

Os resultados observados foram desempenhos similares ao final do ciclo de criação. No entanto, o grupo três indicou uma queda significativa nos custos de produção. Na comparação com o grupo 1, a economia foi de US$ 1.156. Já no paralelo com o grupo 2, esses custos ficaram menores, em US$ 1.116,80.

“Nessa avaliação, nós conseguimos reduzir o volume [de antibióticos], cerca de 70%, o que gerou uma economia de 69%. […] A diferença foi de uma economia de R$ 21 por suíno entre o grupo que recebeu só a vacina [grupo 3] e o grupo que recebeu só ração medicada [grupo 1]”, destacou Gallina, que usou o dólar na casa dos R$ 5,41 para encontrar o valor por cabeça em real.

Segundo o especialista, a ideia da pesquisa serve para demonstrar que há alternativas ao uso de antibióticos. A preocupação com o uso preventivo desses remédios é aumentar a pressão de seleção de organismos resistentes. Isso quer dizer que um uso em larga escala pode antecipar o surgimento de bactérias que não morrem com os medicamentos atuais, além de que há uma preocupação com a saúde não só dos animais, mas também dos humanos.

Ileíte: vilão silencioso

Como o médico-veterinário pontua, a EPS é uma doença endêmica no Brasil e no mundo, ou seja, tem grande incidência em todo o território nacional. Ela não é uma zoonose, então não tem risco para os seres humanos. Porém, é uma preocupação no dia a dia dos suinocultores, uma vez que “estudos nacionais indicam que 100% das granjas são positivas, sendo que 70% a 75% dos animais testam positivo”. Devido a essa alta prevalência, os produtores já adotam o uso de medicamentos na ração.

A bactéria que causa a doença é denominada Lawsonia intracellularis. Ela se instala dentro das células do íleo, a parte final do intestino delgado — por isso, o nome ileíte. Basicamente, é uma inflamação no íleo. A ação dos medicamentos é difícil, já que é uma bactéria intracelular. “Há muito tempo, mais de 30 anos, a doença era muito severa”, contou Gallina.

A EPS pode se manifestar de duas formas: uma aguda e outra crônica. O sintoma mais claro da primeira é uma diarreia de sangue no suíno, que pode agravar e levar o animal a óbito. Na segunda forma, não há sintomas expressamente visíveis e não costuma ser mortal. No entanto, o suíno perde peso de forma constante, mas não perceptível a olho nu, já que é um pouco a cada dia.

“Ela causa o prejuízo na fase final da engorda dos animais. […] Nos casos crônicos, o animal vai perdendo um pouquinho por dia de conversação alimentar e de ganho de peso. […] Essa perda de peso varia muito por granja, mas de três a quatro quilos por suíno é tranquilo perder, mas o produtor não vê”, comentou o especialista.

Vacinas

O caminho das vacinas contra essa doença é relativamente recente, com início comercial em 2018, por parte da MSD. Atualmente, a empresa tem dois tipos de vacinas para controle da EPS: a Porcilis Ileitis (aplicação intramuscular) e a Porcilis Lawsonia ID (aplicação intradérmica).

Cada uma tem suas próprias orientações de uso, mas há uma recomendação comum a todas elas. “A maioria das vacinas é feita nos leitões no momento do desmame, entre 21 e 28 dias de idade”, indicou Gallina. Isso acontece para que o sistema imunológico já esteja preparado, pois, com o fim do colostro, essa imunidade extra obtida pelo leite materno é perdida com o passar dos dias.

O gerente também revela que a MSD está desenvolvendo uma terceira opção de vacina com tripla ação. A bactéria da EPS será um dos alvos do imunizante. “Nós vamos lançar uma terceira, que são três agentes diferentes que praticamente todas as granjas precisam. Por que essas três vacinas foram combinadas? Pensando na redução de antibióticos, a agroindústria está investindo cada vez mais em prevenção, mas reduzindo a medicação preventiva, principalmente, os antibióticos” disse.

Fonte: https://agro.estadao.com.br/inovacao/vacinas-contra-eps-reduzem-antibioticos-em-suinos-e-geram-economia-de-69-indica-pesquisa?utm_source=instagram&utm_medium=social&utm_campaign=social_instagram_story&utm_id=redes+sociais

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