O cenário de aumento no volume de carne suína produzida na China e
fraca demanda, puxando os preços para baixo, deve fazer com que as
importações da proteína pelo país caiam, diz Wagner Yanaguizawa,
analista de mercado do setor de proteína animal do Rabobank
Para ele, neste primeiro semestre, em comparação com 2020, houve um
aumento de 36% no volume de carne suína produzida na China. Entre os
fatores citados estão o aumento no rebanho, a pressão nos abates, uma
vez que a Peste Suína Africana (PSA) e novas variantes do vírus ainda
circulam no país, e o abate de suínos mais pesados. “Alguns
suinocultores chineses, em uma expectativa de que os preços subissem,
seguraram os animais na granja, e como essa alta nos preços não
aconteceu, estes suínos foram para abate com peso de 20% a 40% maior
do que o normal, aumentando a oferta e pressionando ainda mais os
preços da carne para baixo”, explicou.
Yanaguizawa lembra ainda que a China está registrando novos picos de
Covid-19, causados principalmente pela variante Delta, o que acaba
ajudando a limitar o consumo. “Tudo vai depender da volatilidade do
mercado, da demanda, da oferta de carne suína e dos preços. Hoje, o
preço no mercado interno está mais atrativo do que o da carne
importada, e o Governo chinês está até fazendo algumas compras
pontuais de mercadoria local para tentar levantar os preços”, disse.
Nas perspectivas do Rabobank, considerando um cenário de 2021 em
que o Brasil siga exportando os mesmos volumes para os demais países e
que haja uma queda de 20% nos embarques para a China, a exportação de
carne suína brasileira deve crescer 2,5% em relação a 2020. No ano
passado, o Brasil exportou mais de um milhão de toneladas da proteína,
de forma geral, batendo recordes. “Se a China diminuir em 10% as
compras, o Brasil ainda encerra este ano com ampliação de 5,3% nas
exportações de carne suína”, explica Yanaguizawa. Apesar da boa
perspectiva para este ano, o analista pontua que há um sinal de alerta
para a suinocultura brasileira, que deve começar a pensar em controlar a
produção, uma vez que em 2022 a China deve seguir com os planos de
recuperação do seu plantel suíno.
RABOBANK

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