Presidente da entidade diz que é o momento de o criador investir com responsabilidade; colher os frutos dos recordes nas exportações, mas apostar no mercado interno, já que a China deve recuperar sua produção e reduzir as importações. As exportações de carne suína estão batendo recorde mês a mês em 2020, tanto em volume embarcado como no valor arrecadado.

 Esse desempenho vai se sustentar? A rentabilidade do produtor vai permanecer com saldo positivo? O programa Direto ao Ponto abordou esses temas com o Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Na sua avaliação, o principal comprador da carne suína brasileira deve ainda manter um movimento de alta nas importações. “Ano que vem e, acredito que até 2023, a gente deve ter uma boa expectativa com a China”, afirmou Lopes.

A projeção do setor é fechar este ano entre 900 mil e 950 mil toneladas de exportação, mais de metade com destino ao país asiático. De janeiro a outubro, já foram embarcadas, ao todo, 752,67 mil toneladas da proteína, alta de 41% em relação ao mesmo período de 2019. Em valor, o crescimento foi ainda mais expressivo se comparado aos 10 meses do ano passado: 49%, atingindo US$ 1,75 bilhão.

Marcelo Lopes contou que o setor vive um cenário incomum, no qual existe rentabilidade tanto do criador de suíno como do produtor de grãos. “O ideal dessa situação é o equilíbrio. Coisa que nunca conseguimos e estamos conseguindo porque ainda existe uma potência mundial que é China e está fazendo esse contrapeso”, ponderou. Segundo ele, o preço do suíno teve alta de 40% a 50%. Ele, esclareceu, porém, que os chineses já estão investindo na tecnificação da produção de suínos para recuperar o rebanho perdido durante o surto de peste suína africana.

Com isso, as importações da carne devem cair, mas as de grãos devem seguir a tendência de alta. Lopes informou que a China entrou 2020 com um déficit de 20 milhões de toneladas de carne suína. “Já liberaram as importações. Você tem a questão do drawback que é a liberação de PIS e Cofins para as empresas que fazem a exportação. Então, a gente está pretendendo abrir isso para outros produtores que possam trabalhar com exportação”, disse. No caso das importações, Lopes se referiu a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) para soja e milho provenientes de países de fora do Mercosul.

 A decisão foi tomada mês passado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). Outra providência, completou Marcelo Lopes, é a busca pelo aumento do consumo do mercado interno. Hoje, quase 80% da produção de carne suína já é destinada a população brasileira. Contudo, o consumo per capita do brasileiro, de 16 kg/ano, ainda é muito baixo se comparados a outros países também produtores como Estados Unidos, com 30 a 40 kg per capita/ano; Europa, com nações que chegam 60 kg per capita ano; e China, com 25 kg a 30 kg per capita/ano, pontuou Lopes.

CANAL RURAL 

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